#PoesiaImersa: Direções (in)voluntárias

 Hoje eu caminhei sem direção.  
De repente, eu me vi sentada no banco de uma praça.
Pessoas circulavam por ela, sem perceber onde estavam.
Direcionadas a não olhar, nada era visto.
Nem mesmo eu.
Eu olhei em todas as direções.
Direcionada, vi as folhas secas que cobriam o chão.
Era a imensidão marrom que se espalhava diante meus olhos.
O vento carregava algumas folhas em seus braços.
Elas eram, involuntariamente, direcionadas.
E flutuavam num balanço leve e suave.
Outras se encontravam num abraço.
Pequenos redemoinhos de vento geravam grandes encontros.
Ato humano replicado, involuntariamente, pelas folhas.
Elas precisavam de humanidade, assim como eu.
Havia sentimento ali.
Às vezes, caíam ao chão.
Despedaçavam-se.
Algumas delas eram prematuras.
Verdes, contrastavam a paisagem.
Fechei os meus olhos e comecei a sentir o vento.
Conectei-me a ele.
Me deixei levar.
Indiretamente, fui direcionada.
Fui abraçada (mesmo sem ser).
E meu coração ficou leve.
Abri os olhos.
Nada permanecia igual.
Nem mesmo eu.
Levantei.
E, simplesmente, caminhei, voluntariamente, em outra direção.
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