Virou caco.
Ela se quebrou.
Despedaçou-se.
Estilhaços cortantes de uma juventude destruída.
Dura e crua realidade.
Ela era vida vivida intensamente.
Não inteiramente, fragmentava-se.
Sem idade.
Sem cortes.
Virou caco.
Governada pelo imediato, era nada.
Não havia amanhã, nem depois.
Se perdia no tempo.
Morria no tempo.
Gostava da proximidade distante.
Tinha a todos, não amava ninguém.
Bocas misturadas, torturadas.
Corpos abusados.
Virou caco. Era sentido cortado, anulado.
Sangrava sozinha.
Não dormia, nem sorria.
Chorava sem lágrimas.
Amante do incerto, morria aos poucos.
Sem perceber, ia-se.
Desfazia-se.
Morte descoberta em cacos.
Virou caco.
Ela era sombra.
Pequenos pedaços de si e de outros.
Humana fragmentada.
Despedaçada em cacos.
Crédito da Foto: Gilberto Goulart
Instagran: @gilbertolgoulart
#PoesiaImersa: Cacos Humanos
